
O cineasta James Toback foi condenado, nesta quarta-feira (9), a pagar US$ 1,68 bilhão (cerca de R$ 10,1 bilhões) a 40 mulheres que o processaram. Ele foi acusado de agressão sexual, abuso psicológico, cárcere privado e coerção.
O julgamento, que ocorreu em Nova York, durou sete dias e contou com o testemunho de 40 mulheres. O cineasta de 80 anos, que até então atuava como seu próprio advogado, não compareceu às audiências preliminares, resultando em uma sentença à revelia. Nos Estados Unidos, a ausência de uma das partes envolvidas no processo pode causar penalidades.
Em dezembro de 2022, Toback foi acusado de usar sua influência na indústria cinematográfica para coergir mulheres a terem relações sexuais com ele. Entre suas supostas vítimas estão as atrizes Julianne Moore ("Para Sempre Alice"), Natalie Morales ("Disque Amiga para Matar") e Ellen Pompeo ("Grey's Anatomy").
As testemunhas afirmam que Toback vagava nas ruas de Nova York a procura de jovens para atraí-las com a promessa de torná-las atrizes. Ele foi acusado de agredi-las sexualmente em seu estúdio e apartamento, em parques públicos e em bares.
Na época, ele negou as acusações. Toback disse que os encontros eram consensuais, e que seu contato com algumas das acusadoras havia sido mínimo.
Ao jornal Los Angeles Times, primeiro a noticiar sobre o caso, Toback havia afirmado que era fisicamente incapaz desse comportamento, devido a um diagnóstico de diabetes e problemas cardíacos.
"Por décadas, carreguei esse trauma em silêncio, e hoje, um júri acreditou em mim", disse Mary Monahan, autora principal do processo. "Acreditou em nós. Isso muda tudo. Este veredito é mais do que um número —é uma declaração. Não somos descartáveis. Não somos mentirosas. Não somos danos colaterais na busca de poder de outra pessoa. O mundo sabe agora o que sempre soubemos: o que ele fez foi real. E o que fizemos —nos posicionando, falando abertamente— foi certo", afirmou.
Os crimes, alguns dos quais teriam ocorrido há décadas, foram autorizadas a serem apresentadas no tribunal sob a Lei de Sobreviventes Adultos de Nova York. A legislação de 2022 suspendeu o prazo prescricional em casos de violência sexual por um ano.
Toback, diretor de "O Rei da Paquera", de 1987, foi denunciado por assédio sexual em 2017. Ele foi um dos primeiros acusados no escândalo Me Too, em 2017, semanas após a denúncia ao produtor Harvey Weinstein.