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Síndrome do Túnel do Carpo Aposenta?

Descubra se a Síndrome do Túnel do Carpo pode garantir direito à aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença e saiba como funciona o processo

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A Síndrome do Túnel do Carpo (STC) é uma condição médica que pode afetar significativamente a capacidade laboral de trabalhadores, principalmente aqueles que realizam movimentos repetitivos com as mãos e punhos.

Entre as principais preocupações dos acometidos por essa síndrome está a possibilidade de obtenção de aposentadoria ou outros benefícios previdenciários.

Este artigo explora detalhadamente as circunstâncias em que a Síndrome do Túnel do Carpo pode levar à aposentadoria e quais são os direitos dos trabalhadores afetados.

O que é a Síndrome do Túnel do Carpo

Conforme relatado por ortopedista especialista em mãos de Goiânia, a síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia resultante da compressão do nervo mediano no canal do carpo, uma estrutura anatômica localizada entre a mão e o antebraço.

Este túnel é formado pelos ossos do carpo e pelo ligamento transverso do carpo, criando um espaço por onde passam o nervo mediano e os tendões flexores dos dedos.

Dr. Henrique Bufaiçal relata ainda que o nervo mediano é responsável pela sensibilidade e pelos movimentos de grande parte da mão, principalmente o polegar, o indicador, o dedo médio e parte do anular.

Quando este nervo é comprimido dentro do canal do carpo, surgem os sintomas característicos da síndrome, que podem variar de leves a graves, dependendo do grau de compressão.

Principais sintomas

Os sintomas mais comuns da Síndrome do Túnel do Carpo incluem:

  • Dormência e formigamento nas mãos e dedos, especialmente no polegar, indicador e dedo médio
  • Dor intensa no punho e antebraço, que pode irradiar até o ombro
  • Sensação de choque ou queimação nas mãos
  • Perda de força ou dificuldade para segurar objetos
  • Redução da coordenação motora fina
  • Sintomas que pioram durante a noite ou ao realizar determinadas atividades

Em casos avançados, a pessoa pode experimentar atrofia muscular na base do polegar e perda permanente da função da mão, o que compromete seriamente a capacidade de realizar atividades profissionais e cotidianas.

Causas e Fatores de Risco

A Síndrome do Túnel do Carpo possui diversas causas, sendo a Lesão por Esforço Repetitivo (L.E.R.) uma das principais, especialmente quando relacionada às atividades laborais.

Compreender essas causas é fundamental para estabelecer o nexo causal com o trabalho, aspecto determinante para o reconhecimento como doença ocupacional.

Principais causas

  • Movimentos repetitivos: Atividades que exigem os mesmos movimentos das mãos e punhos continuamente
  • Traumas: Quedas, fraturas ou contusões na região do punho
  • Inflamações: Processos inflamatórios nos tendões que atravessam o túnel do carpo
  • Doenças reumáticas: Artrite reumatoide e outras condições inflamatórias das articulações
  • Alterações hormonais: Gravidez, menopausa e desequilíbrios endócrinos
  • Diabetes: Neuropatias associadas podem predispor à STC
  • Tumores: Crescimentos que ocupam espaço dentro do túnel do carpo

Fatores de risco

Existem fatores que, embora não causem diretamente a síndrome, aumentam a predisposição ao seu desenvolvimento:

  • Sexo: A síndrome é mais prevalente em mulheres, possivelmente porque o túnel do carpo é naturalmente menor nelas
  • Idade: O pico de incidência ocorre entre 40 e 59 anos
  • Fatores anatômicos: Pessoas com punhos mais estreitos ou com alterações anatômicas têm maior risco
  • Obesidade: O excesso de peso pode contribuir para a pressão sobre o nervo mediano
  • Doenças crônicas: Insuficiência renal, hipotireoidismo e outras condições sistêmicas

Diagnóstico e Tratamentos

O diagnóstico preciso da Síndrome do Túnel do Carpo é essencial não apenas para o tratamento adequado, mas também para documentar a condição perante o INSS.

A avaliação médica completa normalmente inclui exame físico, histórico clínico e exames complementares.

Métodos diagnósticos

Os médicos frequentemente utilizam testes específicos para confirmar a presença da síndrome:

  • Teste de Phalen: Consiste em flexionar o punho por aproximadamente um minuto. Se houver compressão do nervo mediano, os sintomas se intensificam.
  • Teste de Tinel: Realizado através da percussão do nervo mediano no punho. Quando positivo, o paciente sente sensação de choque ou formigamento.
  • Eletroneuromiografia: Exame que avalia a condução nervosa e confirma a compressão do nervo mediano, determinando também o grau de comprometimento.
  • Ultrassonografia: Pode identificar alterações anatômicas no túnel do carpo.
  • Ressonância Magnética: Em casos específicos, para avaliar detalhadamente a região.

Opções de tratamento

O tratamento varia conforme a gravidade da síndrome e pode incluir abordagens conservadoras ou cirúrgicas.

Tratamento conservador

Imobilização: Uso de órteses ou talas para manter o punho em posição neutra, especialmente durante a noite

  • Medicamentos: Anti-inflamatórios não-esteroidais para reduzir a dor e inflamação
  • Injeções de corticoides: Aplicação local para reduzir a inflamação em casos moderados
  • Fisioterapia: Exercícios específicos para aliviar a pressão sobre o nervo e fortalecer a musculatura
  • Mudanças nas atividades: Adaptação ou redução de movimentos repetitivos no trabalho

Tratamento cirúrgico

Quando os tratamentos conservadores não são eficazes, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. A cirurgia consiste na secção do ligamento transverso do carpo para aumentar o espaço do túnel e reduzir a pressão sobre o nervo mediano.

Pode ser realizada por técnica aberta tradicional ou por via endoscópica, com menor incisão.

Recuperação e tempo de afastamento

O tempo de recuperação após a cirurgia varia conforme cada caso, mas geralmente segue este cronograma:

  • 2 a 3 semanas: Para retorno a atividades leves sem esforço com as mãos
  • 4 a 6 semanas: Para atividades moderadas
  • 8 a 12 semanas: Para retorno completo a atividades que exigem força e movimentos repetitivos

Em casos graves ou quando o trabalho exige esforço repetitivo intenso das mãos, o tempo de afastamento pode ser maior, chegando a meses.

A documentação médica detalhada sobre o tratamento e recuperação é essencial para os processos junto ao INSS.

Síndrome do Túnel do Carpo como Doença Ocupacional

O reconhecimento da Síndrome do Túnel do Carpo como doença ocupacional é fundamental para garantir direitos previdenciários específicos.

Quando há relação direta entre a atividade profissional e o desenvolvimento da síndrome, o trabalhador pode ter acesso a benefícios diferenciados.

Critérios para caracterização como doença relacionada ao trabalho

Para que a STC seja considerada doença ocupacional, é necessário demonstrar o nexo causal entre as atividades laborais e o desenvolvimento da condição.

Os principais critérios são:

  • Realização de movimentos repetitivos nas atividades profissionais
  • Uso contínuo de ferramentas vibratórias
  • Posições inadequadas das mãos e punhos durante o trabalho
  • Ausência de fatores não-ocupacionais que poderiam explicar o quadro

Profissões com maior risco

Algumas atividades profissionais possuem maior incidência de Síndrome do Túnel do Carpo:

  • Digitadores e profissionais de tecnologia da informação
  • Operadores de caixa de supermercado
  • Costureiros e trabalhadores da indústria têxtil
  • Músicos, especialmente pianistas e violinistas
  • Cabeleireiros e manicures
  • Trabalhadores da indústria de montagem
  • Açougueiros e manipuladores de alimentos
  • Operadores de ferramentas vibratórias

Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)

Quando a Síndrome do Túnel do Carpo é identificada como doença ocupacional, a empresa deve emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).

Este documento é fundamental para garantir a estabilidade no emprego após o retorno ao trabalho e para comprovar a origem ocupacional da doença perante o INSS.

Direitos Previdenciários para Portadores da Síndrome do Túnel do Carpo

Os trabalhadores acometidos pela Síndrome do Túnel do Carpo podem ter direito a diversos benefícios previdenciários, dependendo da gravidade da condição e de seu impacto na capacidade laboral.

Auxílio-doença (Auxílio por Incapacidade Temporária)

Este benefício é concedido quando a Síndrome do Túnel do Carpo causa incapacidade temporária para o trabalho por mais de 15 dias consecutivos. Para ter direito, o trabalhador deve:

  • Ser segurado do INSS
  • Ter carência mínima de 12 contribuições mensais (exceto quando a STC for caracterizada como doença ocupacional)
  • Comprovar a incapacidade por meio de perícia médica do INSS

O auxílio-doença será mantido enquanto persistir a incapacidade temporária, com reavaliações periódicas determinadas pelo INSS.

Auxílio-acidente

Quando a Síndrome do Túnel do Carpo, após consolidação das lesões, resultar em sequelas que reduzam a capacidade para o trabalho habitualmente exercido, o trabalhador pode ter direito ao auxílio-acidente.

Este benefício é concedido como indenização e pode ser recebido junto com o salário, mas não com aposentadoria.

O valor do auxílio-acidente corresponde a 50% do salário de benefício, sendo pago mensalmente até a aposentadoria do segurado.

Reabilitação profissional

O INSS pode encaminhar o segurado para o programa de reabilitação profissional quando a Síndrome do Túnel do Carpo impossibilitar o retorno à atividade habitual.

Este programa oferece:

  • Treinamento para nova função compatível com as limitações
  • Adaptação de instrumentos de trabalho
  • Preparação para reingresso no mercado de trabalho

Durante o período de reabilitação, o segurado continua recebendo o auxílio-doença, que só será cessado quando estiver apto para a nova atividade profissional.

Aposentadoria por Invalidez devido à Síndrome do Túnel do Carpo

A aposentadoria por invalidez (atualmente denominada aposentadoria por incapacidade permanente) é um benefício concedido aos segurados que, devido à Síndrome do Túnel do Carpo, tornaram-se permanentemente incapazes para qualquer atividade laboral, sem possibilidade de reabilitação para outras funções.

Requisitos para concessão

Para obter a aposentadoria por invalidez em razão da Síndrome do Túnel do Carpo, é necessário:

  • Comprovação da incapacidade total e permanente para qualquer atividade profissional
  • Impossibilidade de reabilitação para outras funções
  • Carência mínima de 12 contribuições mensais (exceto quando a STC for caracterizada como doença ocupacional)
  • Qualidade de segurado do INSS

Comprovação da incapacidade permanente

A comprovação da incapacidade permanente causada pela Síndrome do Túnel do Carpo requer documentação médica detalhada, incluindo:

  • Laudos médicos que atestem a gravidade da condição
  • Exames complementares como eletroneuromiografia
  • Histórico de tratamentos realizados, incluindo cirurgias
  • Relatórios que demonstrem a persistência dos sintomas mesmo após tratamentos adequados

Documentação que comprove a limitação funcional para atividades laborais

Processo de solicitação

Para solicitar a aposentadoria por invalidez, o segurado deve:

  1. Agendar perícia médica através do portal Meu INSS ou pelo telefone 135
  2. Comparecer à perícia com toda a documentação médica
  3. Aguardar a avaliação do perito médico do INSS
  4. Se concedido o benefício, acompanhar as reavaliações periódicas determinadas pelo INSS

É importante ressaltar que a aposentadoria por invalidez pode ser temporária, com reavaliações a cada dois anos, exceto para segurados com 55 anos ou mais e para aqueles que recebem o benefício há mais de 15 anos.

Casos Especiais e Aposentadoria Especial

Além da aposentadoria por invalidez, existem situações especiais em que a Síndrome do Túnel do Carpo pode ser considerada para outros tipos de benefícios previdenciários, especialmente quando relacionada a atividades laborais específicas.

Aposentadoria especial

A aposentadoria especial é concedida ao segurado que tenha trabalhado em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física.

Embora a Síndrome do Túnel do Carpo não seja, por si só, motivo para concessão deste benefício, trabalhadores expostos a fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento da síndrome podem ter direito a este tipo de aposentadoria.

Para isso, é necessário comprovar:

  • Exposição a agentes nocivos (como vibrações contínuas)
  • Exercício de atividade especial por 15, 20 ou 25 anos, conforme o agente nocivo
  • Laudo técnico que demonstre a exposição aos riscos

Conversão de tempo especial

Trabalhadores que desenvolveram a Síndrome do Túnel do Carpo após exposição a condições especiais, mas não completaram o tempo necessário para a aposentadoria especial, podem solicitar a conversão do tempo especial em tempo comum, com aplicação de fator multiplicador.

Passo a Passo para Solicitar Benefícios por Síndrome do Túnel do Carpo

A solicitação de benefícios previdenciários por Síndrome do Túnel do Carpo requer atenção a diversos detalhes para aumentar as chances de deferimento.

Documentação médica necessária

Reúna uma documentação médica completa, incluindo:

  1. Laudos detalhados de médicos especialistas (neurologistas, ortopedistas, fisiatras)
  2. Resultados de exames diagnósticos (eletroneuromiografia, ultrassonografia, ressonância)
  3. Relatório do histórico de tratamentos realizados
  4. Documentação de eventuais cirurgias e recuperação pós-operatória
  5. Atestados médicos que indiquem o tempo necessário de afastamento
  6. Laudos que correlacionem a síndrome com a atividade profissional, se for o caso

Processo junto ao INSS

  1. Agendamento: Agende o atendimento pelo aplicativo/site Meu INSS ou pelo telefone 135
  2. Protocolo do requerimento: Preencha o requerimento do benefício desejado
  3. Perícia médica: Compareça à perícia agendada com toda a documentação médica
  4. Acompanhamento: Monitore o andamento do processo pelo Meu INSS
  5. Resultado: Verifique o resultado da análise e os próximos passos

Estratégias para aumentar as chances de aprovação

Solicite ao médico que detalhe no laudo como a Síndrome do Túnel do Carpo afeta especificamente sua capacidade para o trabalho

  • Se aplicável, apresente a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)
  • Mantenha um diário documentando limitações funcionais no dia a dia
  • Considere a assistência de um advogado especializado em direito previdenciário
  • Prepare-se para responder às perguntas do perito sobre sua condição e limitações

Recursos em caso de negativa

Se o benefício for negado, você tem direito a recurso:

  • Pedido de reconsideração: Primeiro nível de recurso, solicitando reanálise da decisão
  • Recurso às Juntas de Recursos: Segundo nível, caso o pedido de reconsideração seja negado
  • Recurso às Câmaras de Julgamento: Terceiro nível administrativo
  • Ação judicial: Caso os recursos administrativos sejam indeferidos

Considerações Legais e Jurisprudência Recente

O cenário jurídico relacionado à Síndrome do Túnel do Carpo e direitos previdenciários tem apresentado evolução significativa nos últimos anos.

Conhecer as tendências e decisões recentes pode auxiliar na fundamentação de pedidos administrativos e judiciais.

Decisões judiciais favoráveis

Os tribunais brasileiros têm reconhecido o direito à aposentadoria por invalidez em casos de Síndrome do Túnel do Carpo quando:

  • A condição afeta bilateralmente as mãos do segurado
  • Há comprovação de múltiplas tentativas de tratamento sem sucesso
  • A idade e qualificação profissional do segurado indicam dificuldade de readaptação
  • Existe documentação médica consistente demonstrando a incapacidade

Decisões recentes têm considerado não apenas a condição médica isoladamente, mas o contexto social e profissional do segurado, aplicando o princípio da análise biopsicossocial da incapacidade.

Tendências e perspectivas

O Judiciário tem se mostrado mais sensível à comprovação do nexo técnico epidemiológico entre a Síndrome do Túnel do Carpo e determinadas atividades profissionais, facilitando o reconhecimento como doença ocupacional.

A jurisprudência recente também tem valorizado a documentação de limitações funcionais específicas e impacto na qualidade de vida, além dos achados clínicos e de exames complementares.

Prevenção e Gerenciamento da Síndrome do Túnel do Carpo no Ambiente de Trabalho

Embora o foco deste artigo seja os direitos previdenciários relacionados à Síndrome do Túnel do Carpo, é importante abordar medidas preventivas que podem evitar o agravamento da condição e a necessidade de afastamento do trabalho.

Ergonomia e adaptações no ambiente laboral

  • Ajuste da altura de mesas e cadeiras
  • Uso de teclados e mouses ergonômicos
  • Suportes para punho durante digitação
  • Alternância de tarefas para evitar movimentos repetitivos prolongados
  • Pausas regulares para alongamento e descanso

Exercícios e técnicas de alívio

  • Exercícios de alongamento para punhos e mãos
  • Técnicas de relaxamento muscular
  • Fortalecimento da musculatura do antebraço
  • Aplicação de compressas frias ou quentes

Conclusão

A Síndrome do Túnel do Carpo pode, sim, levar à aposentadoria em casos graves onde há incapacidade permanente para o trabalho.

O reconhecimento desse direito, no entanto, depende de diversos fatores, incluindo a gravidade da condição, a documentação médica adequada, o histórico profissional do segurado e a caracterização ou não como doença ocupacional.

É fundamental que os trabalhadores acometidos por essa síndrome compreendam seus direitos e sigam os procedimentos adequados para a solicitação de benefícios.

A documentação médica completa e detalhada é essencial, assim como o acompanhamento por profissionais especializados quando necessário.

Embora a aposentadoria por invalidez seja uma possibilidade em casos graves, existem outros benefícios previdenciários que podem ser mais adequados dependendo da situação, como o auxílio-doença, o auxílio-acidente ou a reabilitação profissional.

A análise individualizada de cada caso é fundamental para determinar qual benefício melhor atende às necessidades do segurado.

Por fim, é importante lembrar que medidas preventivas e o tratamento precoce da Síndrome do Túnel do Carpo são as melhores estratégias para evitar o agravamento da condição e preservar a capacidade laboral, reduzindo a necessidade de afastamentos prolongados ou aposentadoria prematura.

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