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Presidente do Banco Mundial diz que países em desenvolvimento aplicam tarifas muito altas

O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, afirmou nesta quarta-feira (16) que o cenário atual de incerteza e volatilidade tornam o ambiente econômico.

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O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, afirmou nesta quarta-feira (16) que o cenário atual de incerteza e volatilidade tornam o ambiente econômico e de negócios mais cauteloso e provocará redução no crescimento global.

Banga comentou ainda que os clientes do banco, governos em desenvolvimento, têm um "papel muito mais central" no comércio global hoje do que há duas décadas e disse que eles cobram tarifas muito altas, defendendo uma abertura de mercado.

O presidente do banco fez referência ao embate comercial entre os Estados Unidos e diversos países, sobretudo a China. Ele deu a declaração em entrevista a jornalistas como prévia das reuniões de primavera entre bancos multilaterais, que começam na próxima semana.

Para Banga, manter as taxas de importação elevadas pode ser prejudicial para os países em desenvolvimento. "Acho que isso cria um risco real de tarifas recíprocas e, mais importante, perda de competitividade. Portanto, uma liberalização ampla, não apenas com parceiros favorecidos, pode ajudar a compensar esses riscos e, na verdade, expandir o acesso ao mercado."

Ele citou dados de que atualmente quase metade das exportações mundiais vão para países em desenvolvimento, enquanto em 2000, era um quarto.

Questionado se estava pedindo a países em desenvolvimento que reduzam suas tarifas, disse que este não é um debate novo. "Se você falasse com nosso economista-chefe, ele diria que há muito tempo ele escreve sobre o fato de que tarifas mais altas em geral criam atrito que leva a menor transparência e crescimento", disse.

Banga defende o fortalecimento de laços regionais para criar custos mais baixos e regras mais claras, o que poderia, para ele, aumentar os volumes de comércio e apoiar um crescimento mais estável e diversificado.

"Esta não é uma discussão nova. Nossa palavra sobre comércio e tarifas não é necessariamente a que tem mais peso em um país onde esse não é o foco principal do nosso desenvolvimento", complementou.

Banga também disse que o embate tarifário provoca incerteza e volatilidade e "quando você tem isso, você terá reduções no crescimento global". Ele disse, porém, não ser possível precisar qual será o impacto para cada país.

"Por exemplo, se você está exposto a exportações de commodities e se os preços das commodities caírem devido a uma redução no crescimento global, então você terá um desafio com o orçamento desse país", afirmou.

"Por outro lado, se você é um mercado emergente menor ou um mercado que não está tão bem integrado ao sistema, ou seu consumo doméstico é uma porcentagem maior do seu PIB do que suas exportações e, portanto, um equilíbrio de crescimento diferente em seu país, então é um impacto diferente."

"Países com modelos de crescimento liderados por exportações, particularmente aqueles dependentes de commodities ou bens manufaturados, são muito mais vulneráveis a interrupções. Mas eles também têm alavancas políticas para ajudar a gerenciar a incerteza e se posicionar para uma resiliência a longo prazo", disse.

Segundo Banga, as reuniões da semana que vem terão como foco a estratégia baseada na criação de empregos, liderada pelo presidente de Singapura, Tamon, e a ex-presidente do Chile, Michele Bachelet.

O presidente da instituição afirmou que tem conversado com o governo Trump, mas reconheceu que há incerteza se os Estados Unidos continuarão a contribuir com o banco, já que organismos multilaterais estão na mira de Trump. Os EUA tem 17% das ações do Banco Mundial, que também tem como acionistas Japão, Coreia, Canadá, Alemanha, França, Reino Unido, Países Baixos, Áustria. "Estes são todos os meus maiores acionistas e tivemos que passar por esse processo com eles."

O ex-presidente Joe Biden havia prometido repassar US$ 4 bilhões para a Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA), coordenada pelo banco. Caso os EUA descumpram essa promessa, junto com reduções de outros parceiros, isso pode reduzir o financiamento ao IDA de US$ 100 bilhões para cerca de US$ 80 bilhões.

"Eu ainda não sei o que os EUA irão contribuir para esta última rodada da IDA. Essa incerteza é real para o Grupo Banco Mundial e nossos destinatários", disse.

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