
A cúpula do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China estará no Brasil na próxima semana para uma série de encontros com autoridades brasileiras, no contexto da intensificação da guerra tarifária entre os Estados Unidos e a China. O evento acontecerá em Brasília, nos dias 16 e 17 de abril, com a participação de representantes do governo chinês e do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.
A reunião bilateral abordará questões de relevância para o setor agrícola, como segurança alimentar e nutricional, produção agrícola sustentável, mudanças climáticas, certificação eletrônica de produtos agropecuários, comércio agrícola e infraestrutura logística.
Os encontros fazem parte de uma agenda mais ampla, que inclui também diálogos bilaterais com os ministros da agricultura dos demais países que compõem o bloco dos BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em janeiro de 2024, o grupo passou por uma ampliação, incorporando seis novos países: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Egito e Etiópia.
Além disso, nesta semana, o Ministério da Agricultura enviou dois representantes para participar de uma reunião em Pequim sobre "Temas Sanitários e Fitossanitários da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concentração e Cooperação", que ocorrerá entre os dias 12 e 20 de abril.
A comitiva chinesa que visitará o Brasil contará com a presença de Zhang Zhili, vice-ministro do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China, Huang Baoxu, diretor do Departamento de Pecuária e Veterinária, Guo Naying, vice-diretor do Departamento de Cooperação Internacional, Hu Yiyun, vice-chefe do Departamento de Cooperação Internacional, e Meng Dehao, oficial sênior do Departamento de Desenvolvimento da Indústria Rural.
Esses encontros ocorrem em um momento de forte tensão comercial entre a China e os Estados Unidos. Especialistas da Ásia e da União Europeia indicam que o cenário pode impulsionar a exportação brasileira no setor agropecuário.
A bancada ruralista está atenta aos desdobramentos desse contexto global, avaliando os impactos sobre suas exportações. Neste mês, está prevista uma visita da Administração Geral das Alfândegas da China (GACC) ao Brasil, e uma nova delegação do Ministério da Agricultura brasileiro irá à China em maio.
Embora o governo brasileiro veja com interesse o potencial aumento das exportações, há cautela quanto aos impactos dessa mudança no mercado interno. O temor é de que uma alta nas exportações reduza a oferta de produtos no mercado doméstico, o que poderia resultar em aumento de preços e inflação, um dos principais fatores que afetam a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgaram novos dados sobre a safra de grãos, que será maior do que o previsto no mês anterior. De acordo com a Conab, a safra de grãos do Brasil será de 330 milhões de toneladas, 11% a mais do que a do ano passado. Já o IBGE estima que a produção será de 328 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 12%.
O impacto das tarifas anunciadas pelos Estados Unidos também gerou preocupações no Brasil sobre a possível invasão de produtos chineses, especialmente na indústria de manufaturados, que representa um terço da produção mundial. Contudo, diferentes setores reconhecem que os produtos brasileiros podem encontrar novos mercados devido à reorganização do comércio mundial.
O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que "não há vencedor numa guerra de tarifas, e ir contra o mundo levará ao isolamento". As declarações foram feitas durante um encontro com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, em visita a Pequim.
Além disso, o Ministério das Finanças da China anunciou que, a partir deste sábado (12), as tarifas sobre produtos americanos serão aumentadas de 84% para 125%, em resposta à recente escalada das tarifas por parte dos Estados Unidos.