
Consultas médicas periódicas são a melhor maneira de prevenir as doenças e ter uma ideia de como está a saúde. Porém, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado, cerca de 70,6 milhões de pessoas no país não realizaram check-up.
No que se refere à fertilidade, ir ao médico apenas quando se está doente, pode ser ainda mais preocupante, tendo em vista que o check-up não só diagnostica problemas para evitar danos à saúde reprodutiva no futuro, como fornece informações essenciais para quem está planejando ter um filho.
A questão é que muitas vezes acontece de os casais só se darem conta da importância da fertilidade quando decidem ampliar a família e, relacionado a isso, o mais recente estudo da Famivita constatou que 67% das brasileiras desconhecem como anda sua saúde reprodutiva e se têm alguma disfunção nessa área, independente de estarem tentando engravidar ou não. Tal número diz respeito especialmente à faixa etária dos 30 aos 34 anos, com 68% das participantes.
Conforme a ginecologista Júlia Cargnin, isso ocorre porque a questão da fertilidade e planejamento reprodutivo tem sido cada vez mais postergado, essas gestações estão cada vez mais postergadas e quando a mulher busca acesso médico para gestar, geralmente algumas doenças já estão instaladas.
"Por vezes a gente não consegue intervir para uma gestação espontânea, mas existem inúmeras outras formas dessa gravidez acontecer. Como a saúde reprodutiva vai afetar a autoestima, expectativas de constituição de famílias, construção de vínculos afetivos, precisa ser planejado. Por isso é importante o planejamento reprodutivo vir antes, pois, a gente parte do princípio de que a maioria das pessoas são saudáveis, capazes de gestar e têm sua fertilidade preservada", explica Cargnin.
Combate ao sedentarismo, ao ganho de peso, melhora da qualidade do sono e vida sexual saudável, são algumas formas de evitar que o sistema reprodutivo feminino seja afetado por alguma doença, conforme a especialista.
"A partir daí vem a questão da suplementação vitamínica, coisas menores que a gente vem identificando em cada indivíduo. É muito importante ter em mente que dor pélvica por mais de 6 meses não é normal. Dor na relação sexual, uma dor nova que persiste por um período, não é normal. Os corrimentos amarelados, esverdeados e com mau cheiro, não são normais", ressalta.
A inclusão na rotina de uma visita regular ao médico, pode significar uma melhor segurança reprodutiva e qualidade de vida, já que, muitas vezes, doenças e complicações são identificadas em estágios iniciais e assim tratadas sem maiores agravantes.
"Isso porque esse profissional pode orientar sobre quais exames são necessários para cada faixa etária. A mulher deve estar sempre atenta ao seu corpo, ao que ele está mostrando de diferente, para que a gente possa a partir da observação da mulher em relação ao seu corpo, também fazer uma observação mais detalhada.
Anticoncepcionais causam infertilidade?
Cargnin afirma que os anticoncepcionais não causam infertilidade e não são causas de dificuldades de engravidar. Ela destaca que os anticoncepcionais são ferramentas importantes para o planejamento reprodutivo.
*Evitam gravidez indesejada;
*Evitam gravidez na adolescência;
*Protegem mulheres que têm outras doenças e que não podem engravidar.
"Então não existe nenhum trabalho que mostre uma relação do uso, mesmo prolongado de contraceptivos, com uma diminuição da fertilidade. Agora, uma mulher que usa anticoncepcional há mais de 5 anos, que faz a pausa para engravidar, ela tem ali um tempo, onde precisa voltar sua ovulação para engravidar depois do uso prolongado desse anticoncepcional", esclarece a ginecologista.